terça-feira, 27 de março de 2007

Amor pela psicanálise


Quando pensamos em uma escola, em geral, nos vem à cabeça um lugar onde passamos para aprender determinadas coisas que farão alguma diferença em nossa vida. Esta escola nos forma para o depois. Ela é um lugar de passagem, lugar que pressupõe uma verdade, na qual o que irá se modificar é a pessoa que a ela se submeter.
Mas, quando se trata de psicanálise, não poderíamos pensar em uma escola deste molde. Uma escola que forma para depois. Uma escola em que se pressupõe uma verdade, na qual os sujeitos podem se formar. Se numa escola psicanalítica, as pessoas estão em constante aprendizagem, não é para depois. Espera-se, nesta, que os sujeitos não se formem, ou não se sintam formados, a ponto de abandoná-la, como fazemos com as outras escolas. A formação em uma escola psicanalítica não tem fim, nunca chega à hora de se diplomar. Quem entra numa escola como esta, entra com o objetivo de não sair.
Mas por quê? Primeiro, porque já sabemos que a formação do analista nunca chega ao final. A formação é infinita. E segundo, por que a verdade, geralmente digno objeto de uma escola, não é, ou não pode ser, total numa escola psicanalítica. Esta escola nunca sabe o todo, nunca tem o saber absoluto. Mas apesar de saber que nunca poderá oferecer uma verdade totalizante, não cessa de se pôr à busca de mais saber. Porque quem, ou melhor, o que está em formação nesta escola, não são apenas seus membros ou quem ao redor dela se situa, mas sim a própria psicanálise. Se existe um aluno nesta escola que nunca se forma é a própria psicanálise. E é ela para a qual todas as atenções se dirigem, é para a formação dela que todos trabalham. É para que ela possa aprender a ser um digno instrumento para olhar e tratar o mal-estar da época presente é que se trabalha sem cessar.
É nesta escola de psicanálise que acredito! É nesta escola de psicanálise em que, como analista, quero dedicar minha formação continuada e permanente, e fazer do meu trabalho e dedicação, uma fonte de saber para a psicanálise. Para que a psicanálise possa ser sempre viva, sempre a altura de seu tempo.

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